Ruas retas, linhas perfeitas.
Prédios com ângulos mordazes com suas janelas retangulares…
A frustração pela busca da perfeição, quando a própria natureza é imperfeita…
imperfeita?
Quem já encontrou uma árvore com uma linha perfeitamente, meticulosamente reta?
Ou vá lá, qualquer coisa com um ângulo perfeito?
Esta tendência intelectual humana em busca da perfeição é um tipo de ruína…
Nunca é satisfatória, sempre incompleta. Criou um Deus perfeito para justificar esta busca.
Um Deus imaginário como quase todas suas ideias. O absoluto trabalha pelo caos em uma ordem esplêndida que soterra o intelecto humano. Nenhuma semelhança com o Deus político. Um Deus moralista… Que julga.
Serviu bem ao homem infantil… Ao homem que quer tudo e nunca tem nada. Reis, que despidos de sua pompa e glória são tão vulneráveis como a mais simples borboleta…
O homem ainda está em sua aurora? Não. O homem é o que é. Não culpo ou julgo sua história. Ele é só uma condição a ser superada. É uma estrada, que se bem vivida, levará uma pequena bagagem para uma nova condição.
O que vale mais a pena frente ao desconhecido insondável? Viver com paixão, alegria, vivenciando profundamente todos os sentidos humanos e se aprofundando no amor e todas as suas variações… Uma vida é pouco… Ou viver com medo. Viver no cabresto de um improvável Deus.
O amor a Deus, a sí mesmo, a todo um universo sensível que nos cerca, não tem relação direta com um sistema religioso. O sistema religioso tentou desde a aurora humana nos afastar do absoluto. Sim, é uma condição a ser superada. Para um dia voltarmos para casa…